Em debate, FHC, Temer e Sarney pregam diálogo entre Poderes para superação da crise

Numa defesa firme da democracia e da liberdade, os ex-presidentes Fernando Henrique CardosoMichel Temer e José Sarney pregaram a necessidade de um amplo diálogo entre os Poderes para a superação da crise política no País. Ao participarem da abertura do debate “Um Novo Rumo Para o Brasil”, organizado pelo MDB, PSDB, DEM e Cidadania, os três reconheceram, entretanto, que muitas vezes os limites constitucionais são ultrapassados pelos Poderes.

O ex-presidente participou na semana passada de uma articulação para garantir a moderação nas ameaças de Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal e alguns de seus ministros. Temer foi responsável pela confecção de uma “Declaração à Nação”, na qual Bolsonaro sinaliza um recuo de seus ataques mais fortes ao STF. Na Corte, porém, o movimento foi visto apenas como um gesto estratégico, sem confiabilidade.

Temer não foi o único a reconhecer os excessos no exercício dos papéis dos Poderes. “Judicializaram a política e politizaram a Justiça”, afirmou Sarney, atribuindo a frase ao ex-presidente do Supremo Nelson Jobim, que fez a exposição de abertura do debate. Na sua apresentação, Jobim demonstrou preocupação com o clima político do País e também com o que definiu como “disfuncionalidade” das instituições.

“Se querem chamar toda essa disfuncionalidade de crise, precisamos apresentar soluções. Vamos procurar a verdade nos fatos e não em palavras”, propôs. E citou o caso específico do que viu ocorrer no Judiciário. “A disfuncionalidade no Poder Judiciário foi agravada pela TV Justiça. O que deveria ser um mecanismo de transparência foi apropriado como instrumento visibilidade individual”, lamentou.

Ruptura

A preocupação com um risco de ruptura institucional também foi discutida. Sem citar o nome de Bolsonaro e fazendo forte defesa da democracia, Fernando Henrique Cardoso disse confiar que não haverá um rompimento entre as instituições apesar do clima hostil. “Acho que a estabilidade não está a perigo no momento. O povo gostou de votar. Dia de eleição é dia de festa no Brasil. Isso entranhou na alma brasileira”, afirmou.

E o ex-presidente lembrou da transitoriedade do posto à frente do Planalto. “Mesmo que um presidente não queira, ele vai passar. Como nós passamos. Porque a consciência nacional não permite que seja diferente. Ser militar ou não, não importa”, disse. “Reitero o que já disse: o fato de estarmos juntos aqui, como uma família, mostra que isso não nos deformou. A liberdade e a democracia são valores maiores para todos nós”, explicou Fernando Henrique.

Entre os dirigentes partidários que participaram do debate, ficou claro o alinhamento com a defesa da democracia, mas também com a preocupação em torno de uma agenda que atenda a população em relação ao emprego e combate à inflação, por exemplo.

“Vamos conversar com todos os partidos que defendem a democracia. É triste ter que discutir se há risco de ruptura institucional, quando tantos problemas concretos afligem nosso povo”, defendeu ACM Neto, presidente do DEM.

Por Redação do Sobral Pop News com J Oliveira / Fonte: MSN

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