Vítimas declaram prejuízos de até R$ 600 mil após negócios com empresária presa por estelionato em Fortaleza

Um grupo de pessoas, em Fortaleza, denunciou que foi vítima de um golpe praticado por uma empresária do ramo de frutos do mar. No pedido de prisão preventiva, a Justiça relatou que há vítimas que declaram prejuízos de até R$ 661 mil. Um dos denunciantes, o empresário Rodrigo Santos, declarou que chegou a perder R$ 500 mil após investimentos na empresa dela. Ele disse também que fez empréstimos até com os próprios pais para obter quantias solicitadas pela investigada Aymerr Quinderé Sousa.

Aymerr foi presa no último dia 25 de maio, suspeita de ter praticado os golpes, mas a informação só foi divulgada pela Polícia Civil nesta sexta-feira (9).https://bdf541f0f109ddf74714284ab78e8315.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

Rodrigo disse que financiou um carro para conseguir dinheiro; e precisou envolver familiares, porque às vezes precisava de valores que ele não tinha disponível na conta bancária.

“Ela me disse para pesquisar sobre a empresa dela, sobre os clientes, para ver como ela estava bem. Aí ela colocou a mãe dela no telefone, a mãe dela me pediu dinheiro, e disse que eu podia confiar. Eu acabei dando mais R$ 180 mil a ela”, comentou o empresário.

Com isso, ele fez quatro empréstimos no nome da mãe dele, em agosto de 2022, e transferiu todos para a conta dela. Uma quantia de aproximadamente R$ 103 mil. Depois, ele repassou ainda para ela R$ 83 mil que conseguiu com o pai dele.

g1 teve acesso a um inquérito policial com as denúncias. As vítimas relataram nomes de empresas diferentes, mas todas informadas como de propriedade de Aymerr. Conforme as vítimas, a empresária alegava possuir contratos com diversos clientes — que iam desde órgãos públicos a grandes empresas. Contudo, eles buscaram contato com esses supostos clientes, e todos negaram a existência de contratos com ela.

Início da desconfiança

Rodrigo disse que quando os pagamentos começaram a “furar”, ele foi atrás de informações por conta própria, e descobriu a inexistência dos contratos, o que iniciou a desconfiança. “Ela enviava comprovantes de pagamento que nunca entravam, envelopes de dinheiro que nunca compensavam. No final disso tudo, ela desapareceu com R$ 500 mil meus”, contabilizou Rodrigo.

“[A situação] estourou quando atrasou os pagamentos. Eu recebia uma quantia mensal e tirava uma fração do meu lucro pessoal. Mas eu nunca retirava do investimento principal. Eu colocava cada vez mais”, relatou Rodrigo.

Antes dos investimentos, os empresários iniciaram um breve relacionamento amoroso — que acabou após a descoberta do possível golpe. “Eu terminei com ela e entrei em depressão. Minha família me apoiou, mas ficou bastante prejudicada. Fizemos empréstimo, financiamos carro, ficamos com dívidas na loja”. Uma das dívidas que Rodrigo acumula é de R$ 3,5 mil mensais, durante 15 anos, de um apartamento que ele comprou.

Rodrigo disse que conheceu Aymerr a partir de um amigo em comum e manteve contato com ela até 2017. No começo, o relacionamento deles foi afetivo, sem envolver negócios. Pouco tempo após eles se conhecerem, ele precisou de R$ 50 mil para um investimos, e ela emprestou.

“Depois eu devolvi a ela, com uns dois meses, sem me cobrar nada. Achei ela uma pessoa maravilhosa, e já comecei a enxergar ela com outros olhos, porque foi uma pessoa que, sem me conhecer, me deu R$ 50 mil”, explicou o empresário. Com o empréstimo pago, os dois passaram a conversar sobre negócios. Ele, inclusive, visitou uma indústria que ela disse ser de um sócio dela. Foi quando ela o convenceu a investir.

Em 2022, ele conseguiu recuperar parte de um dinheiro, que havia pegado emprestado com um amigo, após ela transferir R$ 25 mil, e ainda mais três parcelas de R$ 1,5 mil. Contudo, o valor total do empréstimo era R$ 58 mil.

Empréstimos em bancos

Outra das vítimas que conheceu Aymerr Quinderé pelo ciclo social foi corretor de imóveis Louder Gomes de Freitas. Ele disse que ambos se encontraram em um aniversário de um amigo em comum, em 2011. Após isso, estiveram em outras saídas juntos. Louder disse que as conversas sobre investimento começaram quando ele próprio falou que queria aplicar um dinheiro em algum negócio — momento em que ela falou da empresa de frutos do mar que possui.

“Eu tive de fazer um empréstimo em um banco porque ela disse que recebeu um pedido de lagostas. A compra da lagosta era R$ 90 mil, e eu dei R$ 45 mil. Ela me disse que o lucro seria 100%. Voltaria para a gente R$ 180 mil”, explicou. Ele, inclusive, ainda deve R$ 20 mil ao banco devido a esse empréstimo.

Louder falou que, posteriormente, fez mais um empréstimo em um segundo banco, no valor de R$ 35 mil para, supostamente, conseguir atender a mais um pedido. Louder disse também que, nessa época, a empresária começou a dar várias desculpas para a ausência e atraso nos pagamentos.

“Teve um dia que eu tive um desgaste muito grande. Eu disse a ela que não dava mais para mim. Eu devia a dois bancos, estava com cheque especial negativo. Ela me devia R$ 229 mil”. Essa dívida, segundo Louder, ela tentou pagar com oito cheques: quatro no valor de R$ 23.520 e quatro de R$ 33.750. Contudo, o valor que ele realmente recebeu foi R$ 80 mil.

Nos boletins de ocorrência que a reportagem teve acesso, as vítimas relataram situações parecidas: conheciam Aymerr através de um ciclo social, e depois ela começava a tratar sobre negócios e investimentos. Os pedidos iniciais por dinheiro seriam para grandes encomendas e/ou manter capital de giro.

“Eu fiz acordo com ela porque ela chegou me falando que não podia pagar os cheques. Ela me disse que botou valores que não podia cumprir”. Louder disse que tentou outros acordos com Aymerr, sob diversas maneiras de parcelamento das dívidas, mas ela não cumpriu nenhum.

“Eu venho pelejando com ela para receber esses R$ 150 mil desde maio de 2022. Até agora, só enganação e mentira”, diz Louder.

Por Redação do Sobral Pop News/ Fonte: G1/CE

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