Nova espécie de camarão fóssil é descoberta no Cariri

Pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (URCA) apresentaram, na última quinta-feira (27), no auditório do Geopark Araripe, em Crato, no Ceará, uma nova espécie de camarão fóssil, encontrada na Bacia do Araripe, no município de Trindade (PE). Batizado de Prioryncha feitosai, em homenagem ao padre Neri Feitosa, que contribuiu com a paleontologia da Região, o novo gênero pode indicar a incidência de águas marinhas no interior do Nordeste.

A espécie faz parte da família Solenoceridae, que possui nove gêneros atuais e apenas dois gêneros fósseis. No entanto, ao contrário de outras espécies do grupo, a Prioryncha feitosai apresenta um sulco cervical, uma depressão bem profunda em sua carapaça. O nome dado à espécie veio da junção das palavras “prio” e “ryncha”, que significam “rosto” e “serreado”, que fazem alusão a outra característica peculiar encontrada no novo gênero: uma série de espinhos rostrais, dispostos na região dorsal, que difere de outras espécies descritas da mesma família.

Já o “feitosai”, homenageia o padre Neri Feitosa, que foi um dos pioneiros na pesquisa paleontológica na Região do Cariri, no Sul do Ceará, na década de 1960 e 1970, iniciando um trabalho distrito de Jamacaru, em Missão Velha.

O material foi coletado em 2016, mas a sua descrição só foi aceita há pouco mais de 15 dias. De Trindade (PE), seguiu para o Laboratório de Paleontologia da URCA, onde passou por um processo de triagem e preparação até iniciar sua identificação.

Uma das responsáveis pelo trabalho foi a estudante Damares Ribeiro, que faz parte do programa de Bioprospecção Molecular da URCA e publicou um trabalho sobre a nova espécie. “A gente fez toda revisão bibliográfica, descrição das características, que vão reforçar ser um novo gênero, uma nova espécie. É um processo longo”, explica.

Os camarões solenocerídeos são estritamente encontrados nos oceanos e, por isso, reforçam os indícios de que a Região Cariri teve incidência marinha no período Cretáceo, há 110 milhões de anos. “São espécies de mar aberto, não costeiro, marinho de profundidade”, ressalta o professor da URCA, Allyson Pontes, que faz parte do Laboratório de Crustáceos do Semiárido.

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