Advogada de defesa da mulher denuncia ter sido agredida pelo ex-companheiro

Uma advogada de 24 anos denunciou o ex-companheiro por violência doméstica e patrimonial na última semana em Quixeramobim, no sertão central do Ceará. A vítima, Mércia Vitor, atua na Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Municipal de Quixeramobim, órgão voltado justamente para defesa de mulheres vítimas de violência.

O caso ocorreu na quinta-feira, 22 de novembro. Mércia e o ex-companheiro estavam separados há quase dois meses após sete anos juntos. De acordo com os autos do processo, aos quais o g1 teve acesso, desde o término o ex-companheiro passou a mandar mensagens insistentemente, a ir ao local de trabalho da advogada e até a ameaçar cometer suicídio.

A advogada tinha o costume de prestar serviços jurídicos ao ex-companheiro, e no dia da agressão ele procurou Mércia pedindo favores. A advogada teria aceitado redigir um documento para ele desde que o homem devolvesse alguns itens dela que estavam na casa dele.

Quando ela foi à casa do ex-companheiro, pediu que uma amiga a acompanhasse, e ainda enviou sua localização para um colega. Conforme Mércia, uma vez na casa dele, o ex-companheiro teria apresentado um comportamento agressivo.

“Ele falou assim, ‘Ah, tu tá me gravando?’, eu disse que não estava gravando, ‘Não, isso eu mandei minha localização, que nem você tá vendo aí, e se eu não responder ele vai vir aqui’. E nisso o celular travou na mão dele, ele tentando cancelar esse envio de localização. Quando o celular travou, ele pegou meu celular e jogou no chão”, relembra.

“Quando ele jogou o celular no chão, que ele quebrou o celular, ele me empurrou, eu caí, bati com a cabeça no chão, caí de peito para cima, com as costas no chão. E aí ele subiu em cima de mim e começou a me enforcar. Quando ele tava me enforcando, eu só consegui chamar duas vezes pela Pâmela [amiga]. Falei duas vezes o nome dela. Não consegui mais falar”, descreve.

Após Pâmela aparecer, o homem teria parado a agressão e pedido para a amiga de Mércia não chamar a polícia. As duas negociaram a saída da casa dele e chamaram a polícia. Conforme Mércia, o ex-companheiro fugiu da residência para evitar o flagrante policial.

Após o ataque, Mércia foi à Delegacia Municipal de Quixeramobim e prestou queixa contra o ex-companheiro. No mesmo dia, ela obteve medida protetiva contra o ex-companheiro, que ficou proibido de se aproximar de Mércia, de portar armas de fogo e de ir à casa dela.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS) afirmou que ex-companheiro foi indiciado por suspeita de lesão corporal leve qualificada e violência psicológica, no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher. Conforme a SSPDS, a delegacia já concluiu o inquérito policial e remeteu o caso à Justiça.

O advogado de defesa do suspeito, José Lourinho Coelho Neto, afirmou que seu cliente vai respeitar as medidas estabelecidas. “Informo que já foi apresentado ao judiciário manifestação sobre o caso, e que meu cliente está ciente das medidas impostas e reitera o intuito de cumpri-las, bem como informa que usará dos meios legais, apresentando sua versão dos fatos em juízo”, declarou.

Relação era tranquila antes do término

Ao g1, Mércia contou que, ao longo de sete anos de relacionamento, o ex-companheiro nunca havia dado sinais de ser uma pessoa violenta, por isso, o choque foi ainda maior quando ex-companheiro começou a importuná-la, até chegar à agressão.

“Dentro desse relacionamento nunca houve violência, nunca houve violência física, violência doméstica, tanto que a gente se separou e eu não esperava que isso viesse acontecer porque ele nunca foi uma pessoa violenta. E isso é o que chega mais a chocar”, diz a advogada.

O caso agora segue para o Ministério Público do Ceará (MPCE), que pode apresentar uma denúncia na Justiça contra o ex-companheiro de Mércia. Ela, inclusive, já voltou ao trabalho na Procuradoria Especial da Mulher, onde realiza o trabalho de atender mulheres que sofreram violência.

Lá, ela ajuda as vítimas a obter medidas protetivas, dá orientação jurídica e acompanha na delegacia. Agora, a advogada diz que vai buscar a responsabilização do ex-companheiro na Justiça.

“Essa questão [da agressão] não depende da gente, a gente está vulnerável o tempo todo. Não é algo sobre a mulher, é realmente do outro que vem para nós. Mas eu sempre tive muita convicção e eu até falava isso para ele, ‘o homem que me agredir, só vai me agredir uma vez porque eu vou denunciar”, afirma.

Por Redação do Sobral Pop News/ Fonte: G1/CE

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