Médico que ficou internado com Covid-19 lamenta descaso da população e desabafa: ‘Entubei dois colegas que morreram’

Diante do aumento de casos da Covid-19 e da ocupação de leitos para a doença no Paraná, o médico classifica como “assustador” o comportamento de pessoas que ignoram medidas sanitárias e de distanciamento social.

“Não entendo por que as pessoas estão se expondo a algo que pode matá-las ou matar quem elas amam. Imploro como médico, como marido de uma esposa que está lutando neste momento contra um quadro grave da doença, e como pai de quatro filhos infectados, se cuidem”, disse.

Assim como Francismar, a médica Ana Karyn Ehrenfried de Freitas, que atua no combate à Covid-19 no Hospital Vitória, em Curitiba, afirma ser “revoltante” ver parte da população não tomar os cuidados básicos.

“É difícil. Dá vontade de pedir para a pessoa se colocar no nosso lugar. Nós ficamos revoltados, indignados e inconformados. Parece que as pessoas não entenderam ou que só vão perceber que é real quando acontecer com alguém próximo”, afirmou.

Ana chegou a trabalhar cerca de 100 horas por semana durante alguns meses da pandemia. Mãe de uma menina de seis anos, a médica passa a maior parte do tempo longe de casa e da família.

Ela também relata a exaustão após meses de pandemia.

“É um esgotamento não só físico, mas mental. Nós perdemos muitos pacientes. A Covid-19 é uma doença cruel. A reação é muito diferente na questão de resposta dos pacientes em estado grave. Tentamos de tudo e eles não respondem, é frustrante”, desabafou.

Com o novo pico no número de casos, a médica revela que muitas vezes o sentimento é de não haver forças suficientes.

“Ver tudo aumentando outra vez dá a sensação de que não vamos ter forças. Mas cada vez que a gente vai para a UTI temos que tirar forças de onde não temos, porque sabemos que as pessoas precisam de nós”, disse.

Tanto Ana quanto Francismar revelaram ser desgastante a circulação de informações incorretas sobre a doença. Segundo eles, o sentimento é de impotência diante da situação.

Profissionais de saúde fazem alerta à população — Foto: Ana Karyn Ehrenfried de Freitas/Arquivo Pessoal

Profissionais de saúde fazem alerta à população — Foto: Ana Karyn Ehrenfried de Freitas/Arquivo Pessoal

Falta de equipe

Campanha de profissionais da saúde para pessoas ficarem em casa — Foto: Ana Karyn Ehrenfried de Freitas/Arquivo Pessoal

Campanha de profissionais da saúde para pessoas ficarem em casa — Foto: Ana Karyn Ehrenfried de Freitas/Arquivo Pessoal

Além das dificuldades impostas pelos perigos da doença, os profissionais da saúde ainda enfrentam as longas jornadas de trabalho.

Segundo Francismar, assim como ele, muitos profissionais estão afastados por conta dos diagnósticos positivos para a Covid-19. Os que permanecem, precisam suprir a ausência de efetivo.

O médico afirmou que os profissionais plantonistas, sem registro, sofrem ainda com a falta de remuneração em caso de afastamento.

Francismar ficou cinco dias interno após testar positivo para Covid-19 — Foto: Francismar Prestes Leal/Arquivo Pessoal

Francismar ficou cinco dias interno após testar positivo para Covid-19 — Foto: Francismar Prestes Leal/Arquivo Pessoalhttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Além disso, a rotina de trabalho é um desafio. Segundo Ana, há dias em que não é possível parar para tomar água, comer ou ir ao banheiro.

De acordo com o médico Francismar, a população deve fazer esforços para ajudar o trabalho dos profissionais da linha de frente de combate à pandemia.

“Se as pessoas não se cuidarem até que vacinas eficazes estejam disponíveis, todos nós pagaremos um preço alto, até mesmo com nossas vidas, inclusive os profissionais da saúde, que estão lutando pela vida de cada um que chega aos nossos cuidados”, concluiu.

O Paraná tem 311.083 casos confirmados do novo coronavírus, com 222.426 pessoas recuperadas e 6.550 óbitos registrados, segundo o

Por Redação do Sobral Pop News com informações do G1

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