Advogado suspeito de matar empresária em Fortaleza pediu que porteiro limpasse o sangue e guardasse segredo

Enquanto o advogado Aldemir Pessoa Júnior permanece solto, surgem novas informações sobre a morte da empresária Jamile de Oliveira Correia. De acordo com informações obtidas pelo G1, Aldemir, suspeito de matar Jamile no apartamento onde o casal morava, pediu ao porteiro do prédio que ele limpasse o sangue perto do elevador e não falasse sobre o ocorrido.

No fim da noite do último dia 29 de agosto, um disparo de arma de fogo foi ouvido no 18º andar do condomínio residencial de luxo, localizado na Rua Joaquim Nabuco, Bairro Aldeota. Imagens das câmeras de segurança mostram que já no início da madrugada do dia 30, o advogado e o filho de 14 anos de Jamile, socorrem a empresária baleada.

A mulher foi levada ao Instituto Doutor José Frota (IJF), no centro de Fortaleza, passou por cirurgia e morreu na manhã do dia 31 de agosto de 2019. De início, o caso foi tratado como suicídio. Aldemir Pessoa Júnior passou a ser considerado suspeito pelo crime no dia seguinte ao sepultamento de Jamile, quando a Polícia Civil do Ceará tomou conhecimento acerca da morte.

G1 apurou que, conforme o depoimento do porteiro do condomínio, Aldemir retornou ao prédio, ainda na madrugada do dia 30, acompanhado do adolescente filho da suposta vítima.

O advogado teria visto dois pingos de sangue perto do elevador e falado ao porteiro: “limpa aí”. Outro pedido feito pelo suspeito ao porteiro foi que o ocorrido não fosse divulgado: “abafe o caso, não comente com ninguém”, disse justificando por aquilo, segundo ele, se tratar de um suicídio.

À Polícia Civil, o porteiro disse que quando viu a mulher baleada, o adolescente estava desesperado, mas Aldemir “não aparentava nervoso”.

A reportagem tentou contato por telefone com a defesa de Aldemir. Contudo, as ligações não foram atendidas.

Depoimentos

Durante esta semana, funcionários do IJF prestaram depoimentos no 2º Distrito Policial (DP). Um dos médicos que compareceu à delegacia disse para as autoridades que Jamile deu entrada no hospital, ainda consciente, e afirmou a ele que “eu atirei em mim mesma”.

Já outro médico do Instituto Doutor José Frota, afirmou em depoimento que estranhou a trajetória da bala no corpo da empresária. Segundo o especialista, ele supôs que o tiro havia sido dado de cima para baixo, o que não aparentava se tratar de um suicídio.

O laudo cadavérico emitido pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce) corroborou que o tiro foi dado nesta posição, mas, segundo o perito que realizou a análise, não foi possível precisar de qual distância foi efetuado o disparo.

Nessa quinta-feira (19), o G1 obteve o resultado do exame residuográfico feito pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce). O laudo apontou que não foi encontrado chumbo nas mãos de Jamile.

Prisão negada

A Polícia Civil do Ceará pediu à Justiça cearense pela prisão temporária do advogado suspeito. O pedido foi negado pelo juiz da 4ª Vara do Júri, Edson Feitosa dos Santos Filho, que alegou haver contradições nos depoimentos colhidos e indicativos insuficientes para validar a custódia.

Apesar de negar a prisão de Aldemir, o juiz da 4ª vara determinou que o advogado cumpra as seguintes medidas cautelares:

  • Não frequentar o apartamento da empresária, no Bairro Meireles, onde ocorreu o disparo.
  • Manter distância de, pelo menos, 200 metros das testemunhas, em especial do filho de Jamile;
  • Não ter contatos telefônicos ou por meios similares com as testemunhas;
  • Aldemir também está proibido de deixar Fortaleza;
  • Suspeito foi obrigado a entregar à polícia o passaporte;
  • Ademir deve entregar as cinco armas registradas em seu nome, incluindo a arma que disparou contra Jamile, no prazo de até 24 horas. Contudo, as armas já haviam sido apreendidas anteriormente pela polícia, ato já informado à Justiça anteriormente.

G1 Ceará

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