Indonésia busca sobreviventes de tsunami que deixou 281 mortos

© Foto: Demy Sanjaya/AFP

As equipes de emergência procuravam nesta segunda-feira sobreviventes do tsunami que deixou pelo menos 281 mortos em Sumatra e Java, ao mesmo tempo que os especialistas alertam para a possibilidade de novas ondas gigantes em consequência da atividade vulcânica.

Brigadas de socorristas com máquinas e equipamentos pesados tentavam retirar os escombros deixados pelo tsunami. Alguns funcionários utilizavam as mãos para levantar objetos com a esperança de encontrar desaparecidos. Milhares de pessoas foram levadas para zonas elevadas.

O tsunami atingiu praias do sul da ilha de Sumatra e do extremo oeste de Java às 21H30 locais (12H30 de Brasília) de sábado. A onda gigante, provocada pela erupção do vulcão que é considerado o “filho” do lendário Krakatoa, o Anak Krakatoa, deixou 281 mortos, mil feridos e 57 desaparecidos, de acordo com o balanço mais recente.

“O número de vítimas e de danos continuará aumentando”, afirmou o porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres, Sutopo Purwo Nugroho.

A onda deixou em sua passagem um acúmulo gigantesco de escombros, com fragmentos de telhados, pedaços de madeira e árvores arrastadas.

Um vídeo dramático que circula pelas redes sociais mostra o momento em que uma onda gigantesca atinge a área externa de um resort, no momento em que acontecia um show do grupo de música pop “Seventeen

O vulcão Anak Krakatoa ('filho do Krakatoa') em 18 de julho de 2018O vulcão Anak Krakatoa (‘filho do Krakatoa’) em 18 de julho de 2018

Os integrantes da banda correm desesperados do palco, enquanto a onda chega aos espectadores. Em uma mensagem no Instragram, o vocalista do grupo, Riefian Fajarsyah, anunciou, sem conter as lágrimas, as mortes do baixista e do empresário que organizava a turnê, assim como o desaparecimento de outros dois músicos, um técnico e de sua esposa.

O presidente indonésio Joko Widodo visitou nesta segunda-feira as zonas devastadas, menos de três meses depois de outro tsunami, provocado por um terremoto, que deixou milhares de mortos em Palu e sua região, na ilha Célebes.

Em Carita, Muhammad Bintang, de 15 anos, viu a aproximação da onda. “Chegamos às 21H00 para as férias e logo a água chegou. Tudo ficou escuro. Não havia energia elétrica”, disse o adolescente.

Na província de Lampung, do outro lado do Estreito de Sunda, Lutfi al Rasyid, 23 anos, contou à AFP como fugiu da praia de Kalianda.

“Não consegui ligar a moto, então saí correndo. Rezei e corri o mais rápido que consegui”.

Avalanche submarina

De acordo com autoridades, o tsunami pode ter sido provocado por um aumento repentino da maré provocado pela lua cheia, combinado com uma avalanche no fundo do mar após a erupção do Anak Krakatoa, que forma uma pequena ilha no Estreito de Sunda.

© Foto: Azwar Ipank/AFP

“A combinação provocou um tsunami repentino que atingiu a costa”, afirmou Nugroho, antes de destacar que a Agência Geológica da Indonésia trabalha para elucidar o que aconteceu exatamente.

“O risco de tsunami no estreito de Sunda prosseguirá alto enquanto o vulcão continuar em sua fase de atividade, porque pode provocar novos deslizamentos de terra submarinos”, adverte Richard Teeuw, da Universidade de Portsmouth

As erupções vulcânicas submarinas, que são relativamente incomuns, podem provocar tsunamis pelo deslocamento repentino de água ou deslizamentos em encostas, de acordo com o Centro Internacional de Informação sobre Tsunamis.

O presidente americano, Donald Trump, que lamentou a devastação, tuitou: “Rezamos por sua recuperação. Os Estados Unidos estão com vocês!”.

A ONU se mostrou disposta a apoiar os esforços do governo, indicou o porta-voz de Antonio Guterres, secretário-geral da organização.

Ondas ‘vulcânicas’ 

Ao contrário dos tsunamis provocados por terremotos, que desencadeiam sistemas de alerta, as ondas ‘vulcânicas’ deixam muito pouco tempo às autoridades para prevenir a populaçção.

“Aconteceu tão rápido”, conta Ade Junaedi. “Eu estava conversando com um hóspede em minha casa quando minha mulher abriu a porta, gritando, aterrorizada. Pensei que era um incêndio, mas ao caminhar até a porta vi a água chegar…”

Anak Krakatoa é uma pequena ilha vulcânica que surgiu no oceano meio século depois da letal erupção do vulcão Krakatoa em 1883. É um dos 127 vulcões ativos da Indonésia.

Naquela ocasião, uma coluna de cinzas, pedras e fumaça foi expelida a mais de 20 km de altura, o que deixou a região no escuro e provocou um grande tsunami, com repercussões em todo o mundo. A catástrofe deixou mais de 36.000 mortos.

A Indonésia, uma das áreas mais propensas a sofrer catástrofes no planeta, fica no Círculo de Fogo do Pacífico, onde se encontram placas tectônicas e que registra grande parte das erupções vulcânicas e terremotos do planeta

Em 26 de dezembro de 2004, um tsunami provocado por um terremoto no fundo do mar de 9,3 graus de magnitude, na costa de Sumatra, Indonésia, provocou a morte de 220.000 pessoas em vários países do Oceano Índico, 168.000 delas na Indonésia.

Por: AFP / MSN

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