Centro de Triagem do Ibama suspende recebimento de animais

O Ceará é rota de tráfico de animais silvestres. Muitos bichos são mortos ou comercializados de forma ilegal. Aqueles que as autoridades policiais conseguem resgatar e apreender – em feiras ou cativeiros – devem ser levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, localizado no bairro de Messejana, em Fortaleza.

Entretanto, há sete meses, este serviço, que foi implantado em 2008, suspendeu o recebimento de animais por causa do excesso de bichos apreendidos. A medida é por prazo indefinido. “Recebemos uma média de mil animais por mês, e isso gerou superlotação”, justificou o chefe da Divisão Técnico Ambiental do Ibama, Miller Holanda.

A descontinuidade, segundo o Instituto, foi necessária e atende à questões sanitárias. Miller detalha que é “preciso que o Centro de Triagem tenha condições adequadas sanitárias para o recebimento dessas aves, que são cerca de 80% das apreensões, e de outros animais”.

Nos últimos 18 meses, foram apreendidos cerca de 15 mil animais silvestres, no entanto, apenas dois mil estão resguardados no Centro. Uma generosa fatia deste universo, garante Miller, teve condições de ser “rapidamente reinserida à natureza”. Aqueles que necessitam permanecer nos centros especializados do Ibama estão sendo encaminhados à unidade de triagem no Rio Grande do Norte, como ocorrera recentemente em duas ocasiões.

Na semana passada, um macaco apreendido pela vigilância sanitária na zona rural de Boa Viagem, no Sertão Central cearense, foi levado para Natal, assim como aconteceu com 90 filhotes de papagaios, que foram resgatados de dentro de um carro no momento em que eram traficados na cidade de Sobral, região Norte do Estado.

A transferência para o estado vizinho, no entanto, é vista como medida paliativa. Miller reverbera a necessidade de implantação de um novo Cetas no Ceará. A proposta, segundo ele, já está sendo analisada pelo Governo do Estado, porém ainda sem prazo para sair do papel.

Apreensão

Apesar de o número de apreensões nos últimos meses ter sido robusta, o quantitativo poderia ser ainda maior caso o número de fiscais do Ibama não estivesse tão defasado. As consequências são preocupantes. Aves que até pouco tempo eram vistas no sertão cearense estão desaparecendo diante a ação predadora do homem. O canário-da-terra é um exemplo. Existia em ampla quantidade nas matas e nas roças do interior. Hoje, porém, praticamente desapareceu do sertão.

Outra ave silvestre que historicamente também é alvo do tráfico são os papagaios. Depois de caçados de forma ilegal, os pássaros são levados para comercialização em cidades do interior. Grande parte é vendida nas feiras livres. Outros, porém, são enviados para São Paulo e Rio de Janeiro, por meio de ônibus clandestinos. O valor de comercialização do papagaio varia entre R$ 300 e R$ 500. Já o preço do canário oscila entre R$ 20 e R$ 100. “Quanto mais tempo de gaiola, mais manso for o pássaro, mais valor terá”, pontua a bióloga Márcia Oliveira.

Além do canário e do papagaio, as espécies golinha, bigodeiro, caboclinho-do-sertão, galo-de-campina (cabeça-vermelha), papa-capim e arara integram a lista dos que mais sofrem com a ação predadora humana.

Extinção

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), existem mais de mil espécies em risco de extinção, atualmente, no Brasil. Só no quesito pássaros, o Brasil lidera o ranking com maior número de espécies em extinção, seguido pela Indonésia.

As causas, no entanto, vão além do tráfico de animais. Queimadas, desmatamento, poluição e caça predatória são outros graves fatores que ameaçam a existência desses bichos e culmina no desequilíbrio do ecossistema.

J Oliveira do Sobral Pop News com informações do Diário do Nordeste

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