André Fernandes (PL) se manifesta após perder eleições em Fortaleza: ‘A nossa campanha foi um sucesso’

Candidato concorrendo à Prefeitura de Fortaleza no segundo turno, André Fernandes (PL) se manifestou neste domingo (27) após a apuração das urnas. Ele teve 49,62% dos votos, perdendo numa votação disputada para Evandro Leitão (PT), que obteve 50,38% dos votos válidos.

“A nossa campanha, independente desse resultado, já foi um sucesso, já foi histórico aqui em Fortaleza. A gente conseguiu mostrar que não só Fortaleza, mas o estado do Ceará, está nessa nova direção, rumo à mudança, rumo à prosperidade, rumo a algo nunca vivido antes. Saio daqui muito feliz, com uma campanha limpa, sem toma lá dá cá, não negociei secretaria, não fiz nenhum jogo de loteamento de espaço público, e esse resultado apertado pra gente significa uma vitória”, disse André.

André Fernandes (PL) se manifesta após apuração das Eleições em Fortaleza. — Foto: Ismael Soares/Sistema Verdes Mares

“Ao povo de Fortaleza, aos que votaram em mim, eu não desistirei de vocês. Contem comigo. Eu tenho apenas 26 anos de idade. E é por isso que a minha trajetória ainda é longa. Eu ainda tenho muito o que fazer não só por Fortaleza, mas pelo estado do Ceará”, continuou o candidato derrotado.

Evandro Leitão (PT) foi eleito prefeito de Fortaleza após uma acirrada disputa com André Fernandes (PL). Somente com 99% das seções apuradas, o petista foi declarado eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, foram mais de 1.420.681 de votos válidos, sendo 2,92% de votos nulos e 1,64% de votos em branco.

Evandro Leitão virou a situação em relação ao primeiro turno. André Fernandes havia terminado na frente com 40,20% e Evandro com 34,33%.

g1 acompanhou a apuração em tempo real. A disputa foi voto a voto e, em certo momento, a diferença entre os candidatos era de apenas um voto. Com 100% das urnas apuradas, a diferença de votos entre eles foi de quase 11 mil.

Evandro Leitão foi o único prefeito do PT eleito em uma capital em 2024. A escolha do deputado estadual, recém-filiado ao PT, foi uma aposta do ministro da Educação, Camilo Santana, e deixou mais evidente, ao longo da campanha, o racha entre os irmãos Ferreira Gomes.

O senador e ex-governador Cid Gomes (PSB) entrou na campanha do petista, especialmente no segundo turno, quando a chapa de esquerda tinha o desafio de reverter uma diferença de cerca de 80 mil votos em relação ao candidato do PL, André Fernandes, que terminou o primeiro turno em primeiro lugar.

Cid atuou diretamente na mobilização de prefeitos de municípios do interior que fortaleceram a campanha de Evandro em Fortaleza na reta final.

O irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, que segue no PDT, chegou a fazer declarações duras contra o candidato petista. Outras lideranças do partido ligadas ao ex-governador pedetista apoiaram publicamente Fernandes na segunda etapa da disputa municipal, entre elas, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e um grupo de vereadores da Capital ligados a Ciro.

Ciro e seus aliados, inclusive, sofreram críticas de nomes ligados à esquerda e até mesmo de correligionários pedetistas com a guinada à direita no segundo turno do pleito em Fortaleza. O prefeito José Sarto (PDT) não declarou apoio público a André Fernandes, mas secretários e outros ocupantes de cargos na gestão municipal, do PDT e de outros partidos que fazem parte da base aliada do atual prefeito, foram às ruas e às redes sociais declarar voto no candidato do PL.

A eleição em Fortaleza ganhou dimensão nacional não apenas por refletir a polarização entre PT e PL, mas também por desgastes criados no próprio PDT.

O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, ministro do Trabalho no Governo Lula, declarou apoio a Evandro Leitão no segundo turno. O presidente estadual, deputado federal André Figueiredo, chegou a se manifestar pela neutralidade, mas entrou ativamente na campanha petista, tendo participado de caminhadas e carreatas nos últimos dias de campanha nas ruas.

Nacionalmente, há uma expectativa de que seja insustentável a permanência de Ciro nos quadros do PDT, o que também poderia ter reflexos no posicionamento do grupo político do ex-ministro no Ceará.

Disputa nacional

No início da noite, o presidente participou da agenda de Evandro Leitão, candidato do PT que disputa a prefeitura de Fortaleza. — Foto: Thiago Gadelha/ Sistema Verdes Mares (SVM)

Em âmbito nacional, o PT, por sua vez, deixou clara a relevância estratégica de uma vitória em Fortaleza. O presidente Lula esteve na capital cearense no dia 11 de outubro para participar de um comício, no Centro, em palanque dividido com Camilo e outras lideranças petistas e de partidos aliados.

Foi nessa data, também, que a deputada federal Luizianne Lins, ex-prefeita de Fortaleza, eleita pelo PT, fez a primeira aparição pública em apoio a Leitão. Ela ainda não havia entrado na campanha desde a derrota interna que sofreu no partido, quando, em disputa direta com Evandro, não conseguiu apoio suficiente para confirmar a quinta candidatura ao Executivo municipal.

Também estiveram em atos de apoio ao petista em Fortaleza no segundo turno o vice-presidente Geraldo Alckmin e o prefeito reeleito de Recife, João Campos, ambos do PSB, em outras demonstrações da visibilidade nacional da disputa na capital cearense.

Do lado do candidato do PL, a estratégia foi outra: o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve na cidade apenas uma vez, no segundo dia de campanha, 17 de agosto, em uma carreata ao lado de André Fernandes. Durante a eleição, o candidato a prefeito buscou se descolar da imagem do ex-presidente, cujo nome não apareceu na propaganda eleitoral e na maioria das participações de Fernandes em debates.

Coube ao deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, ocupar o lugar de liderança do partido que veio de fora para reforçar a campanha do candidato de direita. Ele participou de duas agendas ao lado de André, inclusive, na noite da última quinta-feira (24), quando disse a apoiadores, em ato no bairro Bom Jardim, que Fortaleza elegeria, pela primeira vez, um “jovem de direita conservador”.

Vitória para Camilo Santana

Para o ministro Camilo Santana, a vitória em Fortaleza também foi uma demonstração de força política após as derrotas de aliados em outros dos maiores colégios eleitorais do Ceará, caso de Izolda Cela (PSB), em Sobral, e Fernando Santana (PT), em Juazeiro do Norte.

O PT também saiu derrotado no segundo turno do pleito em Caucaia, cidade com o segundo maior eleitorado do estado, ao ter Waldemir Catanho superado nas urnas pelo ex-prefeito Naumi Amorim (PSD), que volta ao comando da gestão municipal em 2025.

Camilo não apenas patrocinou a escolha de Evandro como candidato, tendo inclusive enfrentado resistência dentro do próprio PT, como participou ativamente da campanha do afilhado político desde o início.

Foi um movimento semelhante ao que aconteceu na eleição para o Governo do Estado em 2022, quando o ex-governador, então candidato ao Senado, definiu o atual governador, Elmano de Freitas, como sucessor e participou ativamente da campanha que garantiu a vitória do correligionário em primeiro turno.

Com a eleição de Evandro Leitão, o PT volta ao comando da Prefeitura de Fortaleza depois de doze anos. O partido, atualmente, faz oposição ao prefeito José Sarto na Câmara Municipal.

Por Redação do Sobral Pop News/ Fonte: G1/CE

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