Vacinação da população cearense cresce 5,7% em quatro anos

A imunização correta de cada faixa etária é uma das principais metas da saúde pública no Brasil, dado o potencial de proteger tanto o indivíduo que é vacinado como quem não está com as defesas do organismo em dia. No Ceará, desde 2014, a população vem se vacinando com maior frequência, passando de 2,29 milhões de doses aplicadas, naquele ano, para 2,42 milhões, no ano passado, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. O aumento foi de 5,7%. Ainda assim, os órgãos de saúde defendem melhora nos índices para prevenir o retorno de doenças já erradicadas.

Novos casos de sarampo, por exemplo, voltaram a ser notícia no Brasil no ano passado, embora ocorrências não tenham chegado ao Ceará – a última foi em julho de 2015. Referência no combate, o Estado ultrapassou a meta de vacinação contra a doença, de 95%, entre 2008 e 2018.

No entanto, a poliomielite, outra ameaça grave às crianças, teve cobertura vacinal reduzida em seu primeiro reforço, aplicado aos 15 meses de vida: o índice de 100% da população vacinada, em 2014, caiu para 84,7%, no ano passado.

Mesmo disponibilizando 19 tipos de vacina, gratuitamente, o PNI nota que a adesão à imunização vem caindo no País. O Ceará tenta ir na contramão: nove imunizações ultrapassaram a meta de 100%, em 2018: BCG, rotavírus, meningocócica, hepatite B, pentavalente, pneumocócica, a primeira dose da poliomielite, a primeira dose da tríplice viral e a tríplice bacteriana. Já em 2019, a meta de 90% de vacinação contra influenza também foi superada.

Novos contextos

Algumas ficaram próximas das metas, mas não as venceram, no ano passado. Foram os casos da primeira dose da hepatite B para crianças (93%) e hepatite A (92%). Outras exigem atenção: o primeiro reforço da tríplice bacteriana (contra difteria, tétano e coqueluche), aplicada aos 15 meses, teve 76% de cobertura; ministrada na mesma idade, a vacina tetraviral (contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora) teve 85,5%. O Ministério da Saúde lembra que as vacinas estão disponíveis nos postos durante todo o ano.

Daniele Queiroz, coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), esclarece que o Ceará é um dos poucos estados que ainda consegue atingir metas de cobertura vacinal em campanhas, dentro de um contexto nacional de dificuldades em ultrapassá-las. No entanto, novas configurações sociais vêm exigindo estratégias diferentes para facilitar a regularização vacinal.

“Vemos uma nova estruturação do contexto familiar, em que a mulher já está tão inserida ou mais que o homem no mercado de trabalho, então isso dificulta a ida da mãe ao posto. Também tivemos um incremento muito grande no número de vacinas, nos últimos anos; claro que é bom, mas acaba pedindo a presença constante da família no posto, pelo menos uma vez por mês, durante o primeiro ano de vida”, ressalta, lembrando que algumas unidades não têm horários alternativos para as famílias buscarem.

Públicos

A vacinação é operacionalizada pelos municípios, mas conta com monitoramento da Sesa, que é responsável pela logística de distribuição dos imunobiológicos. Parcerias técnicas também podem ser firmadas entre as duas esferas para a identificação de pontos críticos na cobertura. Um dos obstáculos é a maior presença de adolescentes nos postos para vacinação contra o papiloma vírus humano (HPV) e o reforço contra a meningite.

“Naturalmente, eles já não vão à unidade básica de saúde. Para esse público, temos que pensar estratégias diversas, como ir até as escolas. Os bebês de até um ano conseguimos acompanhar bem, mas depois fica mais complicado porque não têm mais consultas de puericultura. Quanto aos idosos, vamos a locais onde eles têm mais acesso, ou às residências dos acamados. Na realidade, não é fácil para nenhum grupo”, assevera.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues, diz que adultos e idosos podem tomar cinco tipos vacina, mas não significa que eles precisem de todas. Por isso, guardar a caderneta de vacinação, que ela considera “tão importante quanto o RG e o título de eleitor”, é importante para manter o esquema vacinal atualizado, ainda que tenham havido distorções no passado.

“Quando o PNI começou em 1973, só havia quatro vacinas para menores de 4 anos. Não significa que os pais foram negligentes, mas que elas não estavam disponíveis no momento. Dependendo da faixa etária, a pessoa deve recomeçar o esquema vacinal”, afirma, ainda mais porque o intervalo de aplicação das doses é diferente.

Antivacinação

Para minimizar confusões, desde 2013, as salas de vacinação no Brasil passaram a operar com sistema nominal de informações de crianças. A coordenadora lembra que o artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) dá como “obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. Segundo ela, alguns promotores já estão responsabilizando pais que descumprem a orientação.

“Ainda bem que temos a cultura da vacinação no nosso País, mas temos visto um movimento que diz que não precisa”, alerta, em referência a um movimento antivacina que ganhou força na última década, principalmente em países da Europa e da América do Norte. “Em vez de punir, precisamos mostrar a importância da vacinação. Se os adultos lembrarem, os pais deles tinham essa preocupação. Os pais de hoje não podem ser negligentes”, diz.

A previsão do Ministério é que, em agosto, ocorra uma campanha de vacinação com foco no combate ao sarampo, oportunidade que também chamará atenção para a atualização da caderneta de crianças e adolescentes.

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FONTE: DN

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