Posto de saúde funciona em supermercado em Fortaleza devido à atraso na reforma

Devido à reforma que não ficou pronta no prazo estipulado, o Posto Dom Lustosa, no Bairro Granja Lisboa, em Fortaleza “transferiu” seus serviços para o segundo andar de um supermercado, o “Deus te pague”. Responsável por atender 25 mil pessoas da região, de acordo com Edmar Fernandes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, o local não tem espaço apropriado para realizar consultas e não possui o sistema de saúde para marcação de exames e encaminhamentos.

Pacientes sofrem com o descaso desde julho de 2018, quando o posto foi fechado para obras. Conforme Rui Gouveia, coordenador de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a reforma deve ser concluída e entregue de volta à comunidade no próximo mês. “A previsão era que fosse uma reforma curta, mas, devido a problemas estruturais, atrasou e tivemos de estender, mas em julho já estará pronto”, informa.

Ana Lúcia é moradora do bairro há 20 anos e sempre precisou da unidade de saúde para realização de exames de rotina e acompanhamento. “Eu tenho problema no ouvido e também começo de diabetes. Eu venho muito para fazer exames, mas tá difícil a situação. Agradeço muito o dono do mercantil por ajudar a gente”, relata. Com um médico clínico-geral e duas enfermeiras, esta foi a solução encontrada pela própria população para não perder o atendimento perto de casa.

De acordo com o presidente do Sindmed-CE, pacientes com doenças mais severas estão sofrendo com isso. “Quem faz atendimento para tuberculose, hanseníase e outras doenças mais graves não está conseguindo ser atendimento. Grávidas também não conseguem marcar o pré-natal porque não tem sistema aqui no local”, revela Edmar Fernandes

Ainda conforme Edmar Fernandes, não houve assistência do poder público neste caso. “Não tem contrapartida da prefeitura. Os funcionários fazem cota para comprar materiais e os pacientes também ajudam. É uma forma totalmente inapropriada de atendimento. Isso é indigno com a população e (como) os profissionais estão sendo tratados”, destaca.

Segundo Edmar, no momento em que o local fechou para reforma, que inicialmente duraria de um a dois meses, os profissionais de saúde não foram informados sobre realocação para outros postos.

Quem precisa de atendimento mais específico e de urgência precisa se deslocar para o posto mais próximo, no bairro Conjunto Ceará e enfrenta obstáculos. A moradora Ana Lúcia pondera que muitas pessoas não tem dinheiro para fazer o trajeto. “Muitas vezes a gente tem que ir a pé”.

Com a precariedade do local onde os atendimentos estão sendo feitos, não é possível oferecer todos os serviços de saúde, como vacinas. Jarlene, mãe do Enzo Gabriel, de 10 meses, chegou ao local na manhã desta terça-feira (25) e precisou de ajuda para subir com o filho e seu carrinho. Ele precisa tomar suas vacinas.

“É muito complicado. Vim tentar fazer consulta do meu neném, mas eu tenho que me deslocar para outro posto porque aqui não tem vacina. Não é ruim só pra mim, mas também para os idosos do bairro”, conta.

O coordenador de Atenção Primária, Rui Gouveia, reforça que exames como prevenção do câncer de colo de útero continuaram a ser feitos pela equipe do “posto improvisado”, enquanto outros procedimentos são oferecidos em postos de saúde de Fortaleza.

G1 Ceará

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