PMs agridem família que comemorava crisma de jovem com necessidades especiais em Fortaleza, denunciam moradores

Policiais invadiram a casa onde era comemorada a celebração da crisma de um jovem com transtornos mentais e agrediram as pessoas que estavam no local, na comunidade do Lagamar, no Bairro São João do Tauape, na noite do sábado (18), denunciam a família e membros da comunidade religiosa. Cinco adolescentes foram levados ao hospital e três foram detidos.

Em nota, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) confirmou a ocorrência. O órgão informou que, “segundo informações coletadas, pessoas que estavam presentes em uma residência jogaram pedras em uma viatura enquanto esta patrulhava pelo local”. A PMCE afirmou ainda que “vai investigar a conduta dos policiais militares envolvidos nesse caso”, já que há “a informação de que houve excesso durante o atendimento da ocorrência”. A corporação garantiu que “toda ação ilegal será devidamente apurada”.

De acordo com uma catequista do grupo Jovens em Busca de Deus (JbD) e moradora da comunidade, que preferiu não se identificar, familiares do adolescente com necessidades especiais resolveram comemorar em casa a crisma dele, reunindo várias pessoas no local. No entanto, conforme ela, PMs invadiram o local e agrediram todos que estavam dentro da residência, incluindo o rapaz crismado e a mãe dele.

De acordo com a catequista, os policiais usaram spray de pimenta e deram até chicotadas em quem estava no local.

A jovem informou que a confusão começou quando os policiais agrediam um jovem, em frente à residência, e o pai do adolescente pediu que os agentes parassem, perguntando o motivo da violência.

Tiros para o alto

O pai do rapaz crismado, então, tentou argumentar com os policiais, que começaram a ameaçá-lo, conforme relata a moradora. Populares que estavam próximos ao local se aproximaram para observar a discussão. Nesse momento, os PMs começaram a atirar para cima.

Em seguida, ainda segundo a integrante do JbD, o pai do adolescente crismado entrou em casa e os policiais o seguiram, invadindo o local. Revoltadas com a situação, as pessoas que estavam dentro da residência começaram a discutir com os PMs, que teriam respondido com agressões e spray de pimenta, conforme a denúncia.

A mãe do jovem com necessidades especiais disse que levou chicotadas ao tentar defender o filho na comunidade do Lagamar, em Fortaleza — Foto: Halisson Ferreira

A mãe do jovem com necessidades especiais disse que levou chicotadas ao tentar defender o filho na comunidade do Lagamar, em Fortaleza — Foto: Halisson Ferreira

“Entre os agredidos, tinha uma idosa de 80 anos, o adolescente crismado, que tem necessidades especiais, e uma menina da JbD, que chegou a desmaiar”, relata a moradora. Cinco adolescentes desmaiaram com o spray de pimenta e outras três pessoas, inclusive o pai do garoto, foram detidas pelos policiais por desacato. Elas foram liberadas cerca de três horas depois.

“Eu estava lá dentro e meu marido aqui [na entrada da casa]. Começaram os tiros, meu marido saiu e disse que não precisava disso e fechou o portão”, explica a mãe do jovem. “Quando chegou reforço [policial], arrombaram o portão. Atacaram meu marido, meu filho. Levei chicotada, e tacaram uma faca na minha mão”, relatou.

Segundo ela, ao ouvir que o rapaz tinha transtornos mentais, um policial ironizou e o agrediu ainda mais. “‘Cadê o atestado dele? Ele é doido?’, e tome chicotada”, disse a mãe.

G1 Ceará

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