Patrimone-se com Professor Júlio Barros e suas técnicas de conservação e Revitalização

TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO, REVITALIZAÇÃO,

RECONVERSÃO E RESTAURAÇÃO

Este texto, dirigido aos Estudantes, Professores, Profissionais, Moradores e Estudiosos tanto da história quanto das artes e acervo monumental de Sobral assim como de outras localidades, tem por objetivo abrir a discussão dos Protocolos Básicos tanto para elaboração de projetos como para a realização das inspeções e manutenções das Edificações Históricas.
Muitos institutos em documentos excepcionais buscam chamar a atenção dos envolvidos, atores e espectadores do tema para esta questão, e muitas vezes nem sequer são minimamente ouvidos até pelos órgão e profissionais “autorizados” da “Restauração”.
Como o termo é bastante amplo, chamo aqui em nossa breve matéria, a atenção para inicialmente, dois pontos que me incomodam profundamente, Ao vermos as “INTERVENÇÕES” no sitio histórico do Sobral, protegido por lei especial com o TITULO de Monumento Nacional, sendo tratados assim, fazemos um apelo a comunidade acadêmica e demais setores para que iniciem uma reflexão objetivando promover as mudanças que se fazem urgentes.

I) – Iniciamos com a afirmação que a preservação da tipologia tem importância excepcional para um projeto e resultados técnicos e plásticos da preservação de nosso acervo edificado, fora isso, estas intervenções além de contrariarem as normativas técnicas se transformam em um grande engodo e em verdadeiras mentiras mercantilistas e sem os fundamentos do desejado.
II) – Sem estes registros técnicos tipológicos que caracterizam os vários períodos e regionalidades, portanto a cultura/jeito de ser de nossos antepassados utilizando os materiais e técnicas disponíveis no período e localidade das nossas edificações, as “INTERVENÇÕES” ficam a desejar e/ou podem até trazer sérios danos ao monumento e aos registros históricos ali inseridos. É como se tudo não passasse de uma FARSA plástica e medilcre de um processo que teria, por força da Legislação e das normas estabelecisdas nas Cartas Patrimoniais, ser rigorosamente estudado e conservado como elementos de fundamental importância para a instrução das futuras gerações e a conservação e mantenção daquelas edificações a que se propõe e ou se está intervindo. Portanto, fica aqui meu protesto por exemplo, inicialmente, para as orientações, assim como o “catálogo” de cores do IPHAN de Sobral que além de tudo retira dos projetos as obrigações das devidas prospecçõe e mapas de danos que deveriam anteceder a tudo.
A preservação das técnicas construtivas tradicionais, hoje abandonada pelos orgãos de preservações do Sobral, viriam garantir que estes registros cheguem às futuras gerações e que a vida destes monumentos não sejam danosamente prejudicada por serem submetidos a convivência com técnicas e materiais incompatíveis com a consepção, propostas construtivas, ambiente ao qual estes monumentos estão inseridos/edificados pelos Grandes Mestres do Passado.
Nota: Quanto aos Protocolos Básicos de inspecão e manutenção destes monumentos, como o próprio mapa de danos rogo aos senhores que verifiquem, por exemplo as orientações do Ceci (Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada). (www.cecieducacao.org.br)
“Como bem expressa Reisewitz, o conceito constitucional da memória não diz respeito a fatos memoráveis, entendidos como atos heroicos de um poder dominante. A memória aparece como características que mantém viva a nossa história e abre a possibilidade de autoconhecimento do povo brasileiro” (José Eduardo Ramos Rodrigues)


ENSAIOS DE RECONSTITUIÇÃO DE TRAÇO


Preparo das amostras para análise:
No momento do preparo das amostras as camadas de tinta são extraídas para que não interfiram na caracterização do
traço da argamassa.
Preparo das amostras para análise:
No momento do preparo das amostras as camadas de tinta são extraídas para que não interfiram na caracterização do
traço da argamassa.

Resultado das análises químicas realizadas sob encomenda da GORJ Engenharia


Almofariz, Pistilo e Peneiras para separação do Agregado/Aglomerante
Conclusão:
Após análise dos resultados ensaiados, químicos e físicos, conclui-se que:
– Não existe a presença do cimento em nenhuma das amostras apresentadas. Pois em todos os resultados analíticos o valor do enxofre foi igual a zero.
– A Cal Hidratada se faz presente como único aglomerante nas amostras coletadas.
– A Cal Hidratada presente nas amostras é classificada como magnesiana, por apresentar concentração de MgO (Óxido de Magnésio).

Reconstituição de Traço: Traço Provável em Massa

1* – 35% Cal Hidratada : 65% Areia 2 – 20 % Cal Hidratada : 80% Areia 3 – 30% Cal Hidratada : 70% Areia 4 – 20% Cal Hidratada : 80% Areia

Considerações:

_ obras de recuperação ou conservação visam à duração da qualidade dos componentes ou elementos avariados;
_ edifícios históricos apresentam características de construção diferentes das construções modernas;_ a argamassa formulada deve apresentar textura e aspecto semelhante à argamassa original;
_ materiais à base de cal apresentam vantagens do ponto de vista da conservação e restauração.

ARGAMASSA DE REVESTIMENTO – GRANULOMETRIA DA AREIA/ADIÇÃO DE CALCÁRIO MOÍDO:
De acordo com KANAN (1999), agregado que possua forma angular é mais recomendado para trabalhos de restauração, uma vez que a rugosidade dos grãos aumenta a adesão da cal à areia. Devem ser especificados agregados que misturem grãos de forma arredondada e angulosa.
Agregado poroso, produzido de pó de concha, mármore, calcário e dolomito são recomendados em substituição à parte da areia comum. Estes constituintes aumentam a porosidade, auxiliando na carbonatação, e devem auxiliar no endurecimento ao promover o crescimento de cristais de cal, pelo contato com as superfícies ásperas e irregulares destes componentes.
Outra recomendação diz respeito à areia, cuja granulometria deve ser continua, com no máximo 10% de partículas menores que 0,15 mm, para permitir que o dióxido de carbono difunda por toda a argamassa e favoreça a carbonatação da cal. A forma angulosa das partículas é usualmente recomendada em trabalhos de restauração de revestimento por gerar um maior percentual de vazios à argamassa, mas agregados com forma de partículas arredondadas também podem ser utilizados para favorecer a trabalhabilidade da pasta.
A primeira etapa do trabalho foi obter uma distribuição nos grânulos de areia, misturando industrialmente as diversas frações (fina, média e grossa) de maneira que o produto final da mistura apresentasse uma curva granulométrica considerada ideal.
Adição de Calcário Moído:
À areia foi adicionada uma pequena fração de calcário moído, devido aos seus grânulos irregulares, com o objetivo de proporcionar maior porosidade na argamassa.

CAL HIDRATADA:
Diversos estudos indicam a existência de uma relação direta entre a proporção de hidróxido de magnésio presente na cal hidratada e a resistência de aderência da argamassa.
Tal fato em parte pode ser atribuído às diferenças constatadas na microestrutura da pasta aglomerante (Carasek et al.; 2001). A Cal além de ser um material aglomerante, possui, por sua finura, importantes propriedades plastificantes e retenção de água. Dessa forma, argamassas contendo cal preenchem mais facilmente e de maneira mais completa toda a superfície do substrato, proporcionando maior extensão de aderência. Por sua vez, a durabilidade da aderência é proporcionada pela habilidade da cal em evitar fissuras e preencher vazios, o que é conseguido através da reação de carbonatação que se processa ao
longo do tempo. Este aspecto particular da cal, conhecido como restabelecimento ou reconstituição autógena, representa uma das vantagens do uso desse aglomerante nas argamassas de revestimento e assentamento.
As cales podem ser classificadas, segundo a sua composição química, em: calcítica (teor de CaO ³ 90%, em relação aos óxidos totais), magnesiana (65% < CaO < 90%) e dolomítica: (£ 65% CaO).
No caso das argamassas com cal dolomítica, ocorre à formação de grandes cristais de carbonato de cálcio, macrocristais, enquanto que nas argamassas com cal calcítica resultam, essencialmente, microcristais. Em nível macroscópico, este fato talvez possa ser explicado pela diferença na retenção de água das argamassas. A argamassa constituída de cal dolomítica apresenta retenção superior àquela observada com cal calcítica. Estas afirmações encontram respaldo nos trabalhos de COPPELAND & SAXER (1964), GUIMARAES et al. (1985), CINCOTTO et al. (1985) e SIQUEIRA et al. (1995).

Sugestões

No caso de substituição total ou parcial da argamassa, esta deverá possuir os aglomerantes e agregados próximos à argamassa antiga. Sugerimos a boa limpeza do substrato de preferência a lavagem do mesmo para a retirada do material pulverulento, o qual pode prejudicar a aderência da nova argamassa, antes da aplicação da argamassa deve-se borrifar a água de cal para melhor ancoragem.

Por Professor Júlio Barros
__Restaurador e Conservador de Obras de Arte formado em 1976 na Escola Rodrigo Mello Franco de Andrade (FAOP), em Ouro Preto/MG em 1976.
__Especialista em Tecnicas Construtivas Tradicionais e Artes Aplicadas nas Edificações Históricas.
__Licenciatura Plena em Pedagogia com Especialização em Psicopedagogia e Direito Ambiental.
__Mestre nos Ofícios das Madeiras, Alvenarias, Rochas/Cantaria e Metal/Fundição, Forja Artística e Solda.

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