Mesmo com pandemia, comércio prevê alta de 8% em vendas da Black Friday

Já parte do calendário do comércio brasileiro, a Black Friday é uma das principais datas para o varejo em volume de vendas e faturamento. Com a pandemia do novo coronavírus, no entanto, o mercado está indo além dos tradicionais descontos para garantir os bons resultados, projetados para superar em até 8% a edição do ano passado. A data é celebrada na próxima sexta-feira (28), mas muitas empresas já estão antecipando as promoções.

O consultor de empresas e professor da Faculdade CDL, Christian Avesque, aponta que há dois fatores favoráveis este ano, apesar do contexto geral da economia. O primeiro é o auxílio emergencial pago às famílias e empresas para minimizar os impactos da paralisação das atividades. O segundo é a reativação do consumo básico pelas famílias a partir, principalmente, de setembro. “Nós achávamos que esse consumo continuaria travado durante todo o ano. O ponto negativo são os altos índices de desemprego e endividamento e a baixa confiança do consumidor”, pondera.

Para driblar as adversidades, ele recomenda sete estratégias que as empresas varejistas devem utilizar para assegurar as vendas na data e que vêm demonstrando resultados para aquelas que já as adotaram. Segundo Avesque, uma das principais ações são os descontos progressivos por volumetria – estratégia em que se dá um desconto de 10% na compra de dois itens e de 30% na aquisição de cinco, por exemplo. Ele explica que esse tipo de atrativo diminui o freio de compra. 

“A segunda é o frete gratuito e cashback em dobro. De cada dez empresas varejistas, nove estão fazendo isso determinando um dia ou uma semana em que esses benefícios são válidos”, detalha. Em terceiro, estão os vouchers-presente para familiares e amigos em compras acima de determinado valor. “Isso é muito comum no Canadá, por exemplo, e garante compras futuras, em janeiro e fevereiro”, acrescenta. 

Ticket médio 

Os combos e kits promocionais também se tornaram mais comuns este ano, segundo Avesque. Ele alerta, no entanto, para também oferecer a possibilidade de adquirir os produtos isoladamente, evitando a prática de venda casada, proibida no Brasil. “É vender no cross, impressora mais notebook, sapato mais meia, aumentando o ticket médio”, explica. 

Outra prática que também eleva o valor da compra são os sorteios de pontos em dobro em programas de fidelidade e/ou cashback. O requisito para concorrer seria a compra a partir de determinado valor. 

Ainda para reduzir a resistência inicial às compras, o consultor indica que as ofertas quentes, que duram por um curto período de tempo, são um bom mecanismo. “O reloginho passando o tempo na tela do consumidor gera a sensação de oportunidade”, ressalta. 

Ele destaca que também faz diferença a doação de parte dos lucros ganhos com as campanhas a instituições beneficentes como contrapartida social. “É um lado que tem pesado na hora da compra. E já não devemos ter um Natal tão solidário assim. Então, é uma forma de reduzir esse impacto”, afirma. 

Campanhas duradouras 

Em contrapartida às ofertas relâmpago, outras empresas têm apostado em permanecer com os descontos por mais tempo, dando uma maior comodidade ao cliente para comprar sem correria. É o que aponta a diretora institucional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Cláudia Brilhante. 

Ela avalia que a estratégia de antecipar as promoções para todo o mês de novembro, por exemplo, tem sido mais utilizada pelas lojas, até mesmo para evitar aglomerações. “Esse ano não poderemos ter a tradicional abertura de loja com data marcada, aquelas filas enormes. Então, as marcas estão estendendo os descontos para o mês inteiro, ou começaram no dia 15, durante a semana, etc. Além disso, os descontos devem estar mais agressivos, visando a queima de estoque e renovação para o Natal”, explica. 

Para a diretora institucional, as lojas estarão bem preparadas para receber os consumidores com toda a segurança e protocolos necessários para evitar a contaminação da covid-19. “O ecommerce, que já vinha ganhando bastante espaço nos últimos anos, deve ultrapassar as vendas em lojas físicas após a influência da pandemia”, prevê. 

Brilhante também diz que, com o orçamento comprometido, o ticket médio de compras deverá ser um pouco menor, mas ainda projeta um crescimento no volume de vendas de 3% a 7%. “Em relação aos segmentos, acaba ficando bem amplo na Black Friday, porque as pessoas geralmente compram itens que já estão desejando no resto do ano e ficam aguardando uma boa oportunidade”. 

Cashback 

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, também está confiante que a Black Friday, apesar das dificuldades, tenha resultados superiores a anos passados. Entre as estratégias de vendas, ele indica que a promoção do cashback tem sido uma das mais utilizadas e atrativas, por gerar o apelo de receber parte do valor de volta. “É uma ação inovadora, tentadora, que tem sido propagada massivamente e que vai fazer a diferença nessa Black Friday”, observa. 

Ele lembra que a data é famosa pelos descontos agressivos e avalia que o consumidor está atento ao histórico de preços para não vai se deixar enganar. “Os descontos devem ser autênticos, não adianta fazer enrolação. Se alguém tentar burlar, vai ser identificado”, alerta. 

Sobre a preparação das lojas físicas para manter o cumprimento das medidas de segurança sanitária, ele revela que há certo temor devido a ameaça de segunda onda de contaminação e orienta lojistas e consumidores a não relaxarem nos cuidados. 

“Tenho pedido atenção para que as pessoas, mais do que nunca, usem os protocolos de proteção, higienizando as mãos com álcool em gel, máscara, respeitando o distanciamento. Agora, não tenha dúvida que o consumidor avançou muito na venda online e isso vai desafogar as lojas físicas. Ainda assim, deve ter grande movimentação, em shoppings principalmente. É preciso cautela”, reforça. 

Por Redação do Sobral Pop News com informações Diário do Nordeste

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