Junta militar de Mianmar condena Aung San Suu Kyi a quatro anos de prisão

Vencedora do Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi, de 76 anos, foi condenada nesta segunda-feira (6), em Mianmar, a quatro anos de prisão por incitar a desordem pública e violar as restrições anticovid. Esta é a primeira sentença de vários processos que ameaçam a líder deposta a passar décadas na prisão.

Suu Kyi está detida desde que os militares derrubaram seu governo em 1º de fevereiro, o que acabou com um breve período de democracia em Mianmar. Desde então, a junta apresentou uma série de acusações contra ela, incluindo violação da lei de segredos oficiais, corrupção e fraude eleitoral.

Nesta segunda-feira (6), Suu Kyi “foi condenada a dois anos de prisão sob a seção 505 (b) e a dois anos de prisão sob a lei de desastres naturais”, afirmou Zaw Min Tun, porta-voz da junta militar que governa o país. 

O ex-presidente Win Myint também foi condenado a quatro anos de prisão pelas mesmas acusações, informou o porta-voz, antes de explicar que os dois ainda não serão levados para a prisão. “Enfrentarão outras acusações nos locais em que permanecem agora”, a capital Naypyidaw, acrescentou, sem revelar detalhes.

As acusações relacionadas à pandemia envolvem as eleições do ano passado, vencidas com grande vantagem pelo partido de Suu Kyi, mas os detalhes não foram divulgados, já que o governo impõe uma ordem de silêncio nos processos judiciais.

Os jornalistas não têm acesso ao tribunal especial na capital birmanesa e os advogados de Suu Kyi estão proibidos de falar com a imprensa.

Nas últimas semanas, outros membros da LND foram condenados a duras penas de prisão. Um ex-ministro, por exemplo, foi sentenciado a 75 anos de prisão e um amigo de Suu Kyi recebeu penas de 20 anos de detenção.

“ASFIXIAR AS LIBERDADES”

A decisão foi criticada pela organização Anistia Internacional, que denunciou uma tentativa da junta militar de “asfixiar as liberdades” com a detenção de Suu Kyi.

“As sentenças severas infligidas a Aung San Suu Kyi por estas falsas acusações são o exemplo mais recente da determinação do exército para eliminar e asfixiar as liberdades em Mianmar”, afirmou a AI em um comunicado.

A vencedora do Nobel da Paz pode passar décadas na prisão se for condenada por todas as acusações. O diretor para Mianmar do centro de estudos International Crisis Group, Richard Horsey, declarou que as sentenças “representam uma forma para que os militares mostrem seu poder”. 

“Seria surpreendente, no entanto, se ela fosse enviada à prisão. O mais provável é que cumpra esta e as próximas condenações em sua casa ou em um regime especial de ‘residência de hóspedes'”, disse. 

Por Redação do Sobral Pop News com J Oliveira/ Fonte: Diário do Nordeste

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