Gasto com atenção psicossocial de policiais no Ceará é 0,0032% do orçamento da Secretaria da Segurança

O investimento aplicado na área de atenção psicossocial a policiais militares, civis, bombeiros e agentes penitenciários em 2018, no Ceará, foi de 0,0032% de todo o orçamento da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), conforme indica o Portal da Transparência do Governo estadual.

O orçamento total atualizado da Secretaria da Segurança no ano de 2018 foi de R$ 2.811.528.253,62; esse total corresponde a ações implementadas em todo o estado nas áreas de inteligência, administração, defesa social, entre outras. Um valor de apenas R$ 91.557 foi aplicado na área de atenção psicossocial.

A pasta foi questionada pelo G1 sobre o valor dos investimentos, mas ainda não se posicionou sobre o assunto.

No documento, a linha “assistência aos profissionais de segurança”, disponível no Fundo de Defesa Social da Secretaria, apontou investimento de R$ 70 mil. Já na aba “serviços de atendimento psicossocial e terapêutico para profissionais de segurança pública” da Polícia Militar, foram outros R$ 21.557. Os dois juntos representam 0,0032% de todo o dinheiro utilizado na área da segurança no ano passado.

Neste ano, até maio, contudo, foi investido R$ 80 mil na área da assistência e R$ 50 mil na aquisição de equipamentos para a realização dos serviços, conforme o Portal da Transparência.

‘Não dá conta do efetivo’

De acordo com o presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Reginauro Sousa, as políticas públicas com relação ao atendimento psicossocial “são muito tímidas”.

“Temos hoje um acompanhamento setorial, em Fortaleza, que não dá conta do tamanho do efetivo, ao ponto de eu dizer que os serviços de psicologia das associações são lotados. É um homem que vive uma das profissões mais estressantes do mundo e a que mais tem vítimas de suicídio.”

Segundo a socióloga Glaucíria Mota Brasil, do Laboratório de Conflitualidade e da Violência (Covio), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), há problemas na hierarquia da Corporação.

“Nós sabemos que a polícia brasileira é a que mais adoece mentalmente, que mais tem transtornos mentais, então, é uma polícia que está pedindo socorro. Uma corporação que sofre pela situação de proteger a vida do cidadão, mas também ter que proteger a sua vida. E, como eles dizem, o policial tem a certeza que sai, mas não tem a certeza da volta”, explica.

Conforme a professora, as entidades da área não podem oferecer apenas um sistema punitivo. “Um policial adoecido não vai ter condição de dar essa garantia à sociedade, vai ser um problema para a sociedade, para a família e para sua própria vida.”

G1 Ceará

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